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Altevir: poeta e corredor, cria em Teresina os 'Ghepards'. Entenda


Era uma vez um poeta piuaiense que se apaixonou pela corrida. Com apenas seis anos de treino, devido a muito esforço, ele já somou seis maratonas no currículo. O nome dele é Altevir Esteves, de 51 anos. Mas Altevir não se contentou em correr só. Preocupado com problemas sociais, tema recorrente de suas poesias, ele idealizou uma forma de reunir pessoas que queriam se exercitar, mas não achavam, em sua cidade natal, assessorias esportivas mais profissionalizadas.
- Existiam muitos amigos que corriam nas avenidas e precisavam de apoio. O clima aqui é muito quente, então faltava hidratação e tudo mais. E o grupo surgiu para dar ajuda. Estamos carentes de bons profissionais da área e damos apoios aos atletas – explica Altevir.
O grupo se chama Ghepards, nome de um animal conhecido em português como guepardo. Este vive na África e é parente do Leopardo. O guepardo é admirado pela sua velocidade: é o mais rápido de todos animais terrestres, chegando a 115 e até mesmo 120 km/h. O estrangeirismo, a letra “h” vem da tradução para o italiano, é para não confundir com outra empresa como o mesmo nome. Altevir descreve, assim, o projeto:


Os guepardos brasileiros se inspiram no animal africano e dão show de organização
- Grupo de corredores sem fins lucrativos para apoiar empresas de eventos e atletas. Nós temos um blog e fazemos uma reunião semanal onde a gente junta o pessoal e estabelece uma agenda de treinos. Orientamos, identificamos e preparamos hidratação com água e isotônico para esse pessoal treinar.
Os guepardos africanos são predadores que preferem caçar suas vítimas sozinhos, apostando no poder da sua velocidade em vez de emboscadas em grupo. Totalmente diferente da estratégia adotada pelos “guepardos brasileiros”, que gostam de correr rápido e decididos atrás dos seus objetivos, mas não dispensam o prazer de praticar o exercício em grupo.
- Para manter o ritmo de vida que a gente leva, se você não tem um grupo com amigos que lhe dão força e coragem para praticar exercício, você acaba que cansa. Não quer dizer que a gente corra só em grupo, cada um vai na velocidade que quer, do jeito que quer. Eu faço o meu percurso praticamente sozinha. Mas, no final, está todo mundo junto para bater aquele papo e contar o que aconteceu no treino – conta Joelma Costa, dentista, que está no Ghepards desde o surgimento do grupo, que tem menos de seis meses.
Joelma, no meio de short branco, abraçando amigas
Joelma conta que antes ela e os amigos já corriam juntos, mas foi impossível manter o professor à frente da assessoria esportiva. A idéia de Altevir foi essencial para manter todos motivados e unidos.
- A gente dá idéias para o grupo, temos patrocínio, organizamos viagens para competir, têm alguns atletas profissionais que também participam. A gente organiza reunião uma vez no mês, palestra com profissionais de diferentes áreas - cardiologista, educador físico, entre outros – e faz o negócio bem organizadinho, para não perder aquele pique, aquela vontade de continuar correndo – diz ela, que defende a importância da troca de experiências para os corredores ficarem sempre motivados.
Do grupo, todos podem participar, já são mais de 50. Joelma e Altevir defendem que o estilo democrático, onde todos opinam e compartilham experiências, é um dos pontos positivos dos Ghepards. Desde pessoas mais humildes - lembrando que não há mensalidade e, sim, uma baixa taxa para manter apoio de água e frutas em dia de treino - até as de classe mais alta, que, inclusive, colaboram patrocinando as ações do grupo, correm juntas, cuidando da saúde e fazendo amigos. Também fazem parte do grupo pessoas mais idosas e os jovens, amadores e profissionais, como o atleta Anderson Sousa do Nascimento, de 26 anos.
Grupo Ghepards: unidos (Foto: Arquivo Pessoal)
- Participo das reuniões também. Eu tenho competido muito fora de Teresina e aí, quando vem o encontro do grupo, levo informações dessas corridas para as pessoas – fala Anderson.
O atleta, campeão da Maratona de Teresina em 2010, diz ficar impressionado com a força de vontade dos companheiros, que, mesmo trabalhando muito, estão sempre juntos na corridinha diária. Força de vontade que vai além do lazer e do papo entre amigos. Altevir, com seis maratonas no currículo, participou também da Volta da Pampulha e da São Silvestre. Esta tradicional corrida é o próximo alvo de Joelma, que não só treina com esse objetivo, mas está no Pilates para conseguir boa performance na cidade de São Paulo.
- O ideal é você sempre ter uma meta para no final você cumprir aquilo que foi planejado durante aquele período – conta ela.
Motivação, organização de viagens e palestras, troca de informação e experiência, mas, também, para vencer a batalha contra o calor, a união do grupo é fundamental. Teresina é conhecida por suas altas temperaturas o ano todo e a organização dos Ghepards está sempre preocupada com a hidratação e os horários de treino. E se de manhã cedo é o melhor horário para correr, para eles isso não é um problema.
Altevir: poeta e corredor (Foto: Arquivo Pessoal)
- Aqui é muito quente, então a gente tem que sair cinco da manhã. Para a turma não pegar sol muito forte a gente marca nossos encontros muito cedo e o pessoal é muito pontual. Quem quer participar não tem preguiça. Deixa de farrear na noite anterior para correr – elogia a orgulhosa Joelma.
Domingo passado uma notícia trágica abalou os corredores. Uma pessoa que se exercitava na Avenida Raul Lopes, área ocupada por milhares de pessoas que praticam atividade física diariamente, foi atropelada e faleceu. Os guepardos não ficaram surpresos, segundo eles, esse tipo de acidente já seria esperado, tendo em vista a velocidade dos carros e a proximidade destes com os pedestres. A Avenida Raul Lopes é um ponto de encontro do grupo e, da tragédia, eles responderam se unindo ainda mais e pretendem buscar, junto ao poder público, medidas de segurança para seus treinos de corrida.
Velocidade de guepardos, mas união de um grupo apaixonado pela corrida: estes são os Ghepards, corredores piauienses que treinam juntos e correm provas pelo Brasil à fora. E você, também participa de algum grupo de corrida? Ou prefere mesmo correr sozinho?

fonte: 180graus

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