Notícias de Parnaíba, Teresina, Picos, Bom Jesus, Piripiri, Luís Correia, Ilha Grande, Cajueiro da Praia, Buriti dos Lopes, Bom Princípio, Murici dos Portelas, Caxingó, Caraúbas, Cocal, Cocal dos Alves, Brasileira, Capitão de Campos, Piracuruca, Esperantina, Joaquim Pires, Batalha e interior do Piauí. Além de cidades do Ceará, Maranhão e Brasil.

Pesquisador da Embrapa de São Paulo compara bacia leiteira de Parnaíba à Terra Prometida



O potencial da Bacia Leiteira de Parnaíba foi destacado com entusiasmo pelo pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste do município paulista de São Carlos, Artur Chinelato, em um artigo publicado na revista Balde Branco, especializada no setor primário e que tem circulação nacional. Ele é o idealizado do Programa Balde Cheio e um dos especialistas mais respeitados do Brasil na área tecnológica voltada à pecuária leiteira. Para demonstrar o quanto ficou impressionado com o que viu, o pesquisador comparou a região de Parnaíba à “Terra Prometida”, a “Canaã”, ao “Paraíso” e ao “Éden”.
            Em Parnaíba, a Secretaria Municipal de Setor Primário e Abastecimento está apoiando a implantação do Programa Balde Cheio, com assistência aos produtores feita pelos seus próprios técnicos, em parceria com o Banco do Nordeste e Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural. O Secretário da pasta, Airton Caldas Uchoa, destacou a importância para a região da consultoria recebida do especialista da Embrapa de São Paulo para o sucesso já demonstrado pelo Programa Balde Cheio no município.

Leia o artigo do pesquisador, publicada na edição de janeiro de 2011, da Revista Balde Branco:



Encontrei a Terra Prometida

Artur Chinelato de Camargo*

Após muita procura, encontrei a “Terra Prometida”, a “Canaã”, o “Paraíso”, o Éden”, para produção leiteira. Um lugar onde o produtor de leite passa a ter lotações(bem acima de 10 vacas adultas por hectare) nas pastagens, durante todos os 365 dias do ano, dispensando o fornecimento no cocho de qualquer tipo de alimentação volumosa, seja cana-de-açucar, silagens, palma forrageira ou fenos.
            No Paraíso não existe limitação quanto ao frio, muito pelo contrário. O sol brilha numa intensidade inacreditável. O calor é maravilhoso. Temperaturas acima de 40ºC são comuns em vários dias do ano. O fotoperíodo pouco interfere negativamente no crescimento das gramíneas forrageiras tropicais pelo fato da Canaã estar localizada próxima à linha do Equador. Além disso, não existe uma estação do ano onde os dias fiquem nublados. Quando a chuva chega, ela cai de uma vez e as nuvens vão embora, na mesma velocidade que vieram trazidas pelo vento constante. No Éden, a água de boa qualidade existe em abundância no subsolo e a pouca profundidade. Poços com vazão de 30 a 60m3/hora são comuns a 50 ou a 60 metros de perfuração.
            Essas características permitem uma produção intensiva de pastagem o ano inteiro e como mencionado anteriormente, o produtor se vê livre de fornecer qualquer tipo de alimentação volumosa no cocho. Isso significa que o produtor não precisa fazer nenhum tipo de silagem, não precisa plantar nenhum metro quadrado de cana-de-açucar ou palma forrageira e não precisa confeccionar ou comprar nenhum tipo de feno. É ou não é a Terra Prometida. Mas não pára por aí, o Éden tem outros encantos.
            O valor das terras ainda é atrativa fazendo que a maior parte dos negócios gire em torno de R$ 1.000,00 a R$ 3.000,00 por hectare, respectivamente para terras a serem muito trabalhadas, quase brutas e glebas abertas com pequenas edificações (casa curral). A fertilidade do solo pouco importa, pois todo produtor deve contar, necessariamente, com a assessoria de um técnico especializado e competente que lhe assista e aí, a fertilidade natural, caso seja baixa, será corrigida com corretivos, fertilizantes e compostos orgânicos.
            Quer mais? Além de tudo isso o preço do litro de leite é estimulante. Em novembro do ano passado estava girando entre R$ 0,70 e 0,80 por litro para qualquer volume de leite produzido, sendo este valor considerado baixo para os produtores locais. Acredite se quiser! Outro detalhe, o mercado é comprador do leite, havendo importação de outros Estados brasileiros para suprir as necessidades locais.
            Tentei encontrar algo negativo e não consegui detectar nada de palpável, apenas uma percepção da minha parte, que pode ser equivocada, obviamente. Senti que os produtores locais, os técnicos e as autoridades ainda não conseguem acreditar plenamente neste potencial e continuam a olhar para a pecuária da região centro-sul do Brasil, lamentando o fato de não estarem lá ou de não possuírem seus rebanhos ou de não praticarem seus preços do litro de leite. É compreensível, pois afinal são anos e anos trabalhando com uma pecuária leiteira que convive com índices zootécnicos e econômicos irrelevantes e nada atraentes. O trabalho a ser feito com os técnicos da extensão rural e com os produtores de leite locais, é de resgatar em ambos, a auto-estima e a dignidade, mostrando a eles que nada devem para ninguém quando se trata de potencial de produção. É fazer com que sintam orgulho de fato e de direito da terra onde nasceram e vivem.
            Com os exemplos de casos de sucesso pipocando em várias regiões do Estado, alguns inclusive, visitados por mim, demonstrando na prática, todos os benefícios desses aspectos teóricos no processo de intensificação de uma pecuária leiteira racional e sustentável, não tenha dúvida que o despertar de todos os envolvidos com o setor leiteiro será abreviado.
            Por fim, deve-se ressaltar o envolvimento e o comprometimento nesta cruzada de resgate da cidadania de produtores e extensionistas, de várias instituições participantes como prefeituras de vários municípios, do Banco do Nordeste, da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado, da Emater, do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas(Dnocs), da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco(Codevasf), da Embrapa Meio Norte e de outras instituições que ainda não fazem parte do Balde Cheio, mas que em breve farão, porque as portas estiveram, estão e estarão abertas. Todas estas entidades atuam na mesma direção sem ciumeiras e/ou vaidades, fato este que, infelizmente, tenho detectado em outras regiões do país e tanto atrapalha qualquer iniciativa de melhora da condição de trabalho dos produtores e dos extensionistas.
            Onde está localizada a “Terra Prometida”? No Estado do Piauí, na região compreendida entre Teresina e Parnaíba. Falaram-me que a região kjjkjgjhgabaixo de Teresina, indo para o Sul do Estado, apresenta as mesmas características, mas como não a visitei não posso confirmar tais afirmações, restringindo-me a descrever o que presenciei e atestei.
            Parabéns a todos os produtores e extensionistas do Piauí e acreditem em si próprios, porque vocês são habitantes da “Terra Prometida”.

*ARTUR CHINELATO DE CAMARGO
EMBRAPA -  Pecuária Sudeste
São Carlos, SP


Texto: F.Carvalho

Revista Balde Branco destaca Parnaiba na página 70.

fonte: pmp

Popular Posts